
Manifestação na sede do NRE DE Pato Branco reuniu indígenas de Mangueirinha, Clevelândia e Palmas (Foto: Paloma Stedille/Diário do Sudoeste)
Integrantes das comunidades indígenas de Mangueirinha, Clevelândia e Palmas estiveram nesta segunda-feira (17), no Núcleo Regional de Educação (NRE) de Pato Branco. O grupo veio para reivindicar contra a redução no número de aulas, destinadas à disciplina de língua materna.
De Mangueirinha e Palmas vieram algumas lideranças das reservas, entre elas o cacique da reserva kaingang, de Mangueirinha, Milton Alvez Katanh. De Clevelândia compareceram os integrantes da Escola Estadual Indígena Nitotu e lideranças da aldeia, como o cacique Miguel Alves. Devido aos protestos, os alunos da escola indígena de Clevelândia não tiveram aula nesta segunda-feira.
O cacique Miguel Alves, explicou que um dos motivos da reivindicação foi por causa da alteração, na quantidade de aulas destinadas à disciplina de língua materna. Ele informou que a decisão na redução das aulas foi tomada apenas pela Secretaria de Educação do Estado (Seed), e que as autoridades das reservas indígenas não foram convidadas a participar. Ele também comentou que a língua materna é uma disciplina importante para os alunos das escolas indígenas, e que a redução nas aulas deveria ter sido uma decisão tomada em conjunto. “Se nós não tivéssemos a necessidade da língua materna, nós não teríamos nem escolas nas aldeias”, protestou Alves.
A diretora da Escola Estadual Indígena Nitotu, de Clevelândia, Franciele Viana, explicou que em 2013, os alunos das escolas indígenas, tinham a carga horária, da disciplina de língua materna, de quatro horas-aula por turma e este ano, os educadores receberam a orientação, de que passaria a ser apenas duas horas-aula por turma. A diminuição foi repassada tanto para a educação infantil como para os anos iniciais. “Nós não gostaríamos que diminuísse, e sim que se mantivessem as quatro horas-aula. Porque o principal objetivo da escola é resgatar a cultura através da língua”, comentou.
Ainda referente a diminuição das aulas da língua materna, ela explicou que a Seed, para acertar a carga horária da disciplina, propôs diminuir então a carga horária das aulas de artes e educação física. Mas essa proposta não foi aceita pela comunidade indígena, que deseja que a Secretaria de Educação estude outra opção para apresentar para eles.
Outras reivindicações
Os indígenas apresentaram ainda outras reclamações, referentes ao setor de educação nas reservas. Entre elas, a falta de comunicação com as escolas indígenas, por parte do Núcleo de Educação e a necessidade da construção, reforma e ampliação das unidades escolares nas aldeias.
“Não teria necessidade de estarmos aqui, porque já fizemos uma reunião no final do ano passado, na Seed em Curitiba, onde poderíamos ter resolvido todos os problemas que estamos apresentando aqui hoje. Mas tentaram montar um documento sem o nosso conhecimento e nós não vamos aceitar. Nós talvez aceitássemos, se fizessem uma reunião com a nossa participação, onde pudéssemos conversar e discutir a melhor opção que não prejudicasse ninguém”, frisou o cacique, da reserva de Clevelândia.
Decisão
Os indígenas e integrantes das escolas permaneceram o dia todo no NRE, aguardando o posicionamento das autoridades. Só ao final da tarde, eles receberam a resposta que tanto esperaram.
A chefia do Núcleo de Educação de Pato Branco entrou em contato com a superintendência de educação da Seed, para obter um posicionamento do que poderia ser feito sobre as reivindicações dos indígenas. A chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Pato Branco, Ana Seres Trento Comin, disse que a reivindicação das reservas foi justa e por isso entrou-se num consenso, de que a disciplina de língua materna, nas escolas indígenas, voltará a ter quatro horas-aula, como tinha em 2013, e não será diminuída a carga horária das aulas de artes e educação física. Ela também informou que no mês de março uma equipe do departamento de diversidades da Seed visitará as escolas indígenas, para orientar sobre a questão pedagógica.
Quanto às reivindicações para reforma, ampliação e construção de novas escolas indígenas, a chefe do NRE de Pato Branco informou que já foi feito o encaminhamento do protocolo e que a aprovação para a construção de uma nova escola indígena em Clevelândia está concedida. Contudo, o pedido está tramitando, e é normal que demore, porque existe um prazo até que o recurso seja enviado.
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