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Laudo perificial de engenharia mostrou que houve falhas no projeto e execução da obra que ocasionaram o acidente.

No mês de agosto, mais precisamente no dia 6, um trágico acidente envolvendo o menino Luiz Eduardo Bertol, de apenas 8 anos, chocou a população de Mangueirinha. Ele morreu enquanto brincava em cima de uma rampa em sua casa, quando esta desabou. 



Laudo perificial de engenharia mostrou que houve falhas no projeto e execução da obra (Foto: Arquivo/ Eduardo Bertol)

Conforme relatou o pai de Luiz Eduardo, o engenheiro agrônomo Eduardo Bertol, o menino e mais duas crianças, filhos de um casal amigos da família, estavam brincando na rampa de acesso à porta principal da casa. Segundo ele, elas estavam jogando alguns petiscos para a cadelinha de estimação, que estava na parte de baixo. Foi quando a cadelinha resolveu correr para os fundos da residência e as crianças aproveitaram para tomar um suco com os pais, o casal de amigos e Suzane Simões, esposa de Eduardo, que tomavam chimarrão na varanda, cuja rampa dava acesso. As duas crianças, filhas do casal, sentaram-se na varanda, perto dos adultos, mas Luiz ficou no degrau, em cima da rampa, quando esta, de uma hora para outra, desabou. O menino acabou prensado pelas estruturas de concreto e veio a óbito no mesmo instante. 

De acordo com Eduardo, quando o Samu chegou Luiz já estava sem vida. Para retirar o seu corpo dos escombros, as equipes de salvamento tentaram usar dois guinchos, mas só foi possível retirar o menino com a ajuda de um macaco, usado para separar as peças de concreto em que ele ficou preso. 

Eduardo conta que não estava na cidade no momento do acidente. Ele estava viajando, realizando um sonho, que era o de pescar na Pousada Mantega em Alta Floresta, no Mato Grosso, e lembra que foi de lá que ele conversou pela última vez com o filho. 

A família estava morando na residência desde o dia 10 de junho. Eduardo conta que a construção da casa era um dos sonhos da família, que há cerca de dois meses tinha se concretizado, mas que se tornou um pesadelo depois do acidente que vitimou Luiz. Hoje, o casal, que espera pelo segundo filho, já não mora mais na residência, e a casa tão sonhada foi posta à venda. 

Justiça

Eduardo conta que a casa era financiada pela Caixa Econômica Federal e a empresa responsável pela construção era a SL Materiais de Construção, de propriedade de Silvano Colla, o qual, segundo Eduardo, é desenhista da maioria dos projetos das obras de construção da empresa, mas não é Engenheiro Civil e nem Arquiteto, sendo quem assina seus projetos é a arquiteta Ana Karina Bettin Chaves Viecelli. Segundo o engenheiro agrônomo, no caso da sua casa, Silvano Colla também teria feito o projeto, mas quem seria a responsável pelo acompanhamento da obra era a arquiteta Ana Karina Bettin Chaves Viecelli. 

Ele explica que buscou a imprensa depois que recebeu o resultado do laudo pericial, que solicitou aos engenheiros civis Renato Buzetti e Vlademir José Dall Ross, no qual foram constatados diversos erros estruturais e de execução na obra. 

No laudo, os engenheiros civis declaram que: “a causa única da ruína foi o mau posicionamento da armadura, que não ficou devidamente ancorada no concreto. Nessas situações, a força de tração atuante na armadura provoca uma resultante de forças que tende a “puxar” a armadura para fora do concreto, tornando-a retilínea. Quando ocorre essa situação, o concreto é submetido a esforço de tração sem armadura (visto que a armadura perdeu seu efeito estrutural), rompendo-se. Como é de conhecimento de todos os profissionais da área, o concreto possui uma alta resistência à compressão e muito baixa resistência à tração, daí a necessidade de se dispor as armaduras de aço para absorver esses esforços de tração”. 

Além do mau posicionamento da armadura, o laudo também aponta que após analisar as características e disposições dos pilares, os engenheiros entenderam que estes elementos não causaram o colapso da estrutura, no entanto sofreram um acréscimo de carga horizontal excepcional, principalmente o pilar 2, que estava colocado próximo a varanda e que caiu em consequência da ruína da laje. “Apesar do pilar P2 não ser a causa do desabamento, ele não suportou ao esforço horizontal excepcional aplicado no instante da ruína da laje, vindo a colaborar com o colapso progressivo da estrutura”, aponta o laudo.

Eduardo conta que toda a construção da casa, os muros, a rampa de acesso, a da garagem, as grades, tudo foi feito pela empresa SL Materiais de Construção. Ele também informou que entrou com um processo criminal contra a empresa e que a arquiteta responsável pelo projeto e pela execução da obra alega que não sabia da construção da rampa. “Então ela está se autoincriminando, porque então ela não vistoriou a obra. Porque, como ela não sabia da construção de uma rampa daquelas que não se faz em dois, três dias?”, questiona. Ele também mencionou que a empresa ainda não o procurou para dar uma satisfação sobre o que aconteceu, mas que ele quer que a justiça seja feita sobre o que aconteceu.

“Meu sonho de dar uma qualidade de vida melhor para minha família se transformou em um pesadelo, que levou meu companheiro para longe de mim. Espero que todos os envolvidos na execução da obra, principalmente o proprietário da construtora, a arquiteta responsável pelo projeto e o mestre de obras da construtora SL, sejam julgados e condenados pela justiça e que isto sirva de exemplo para não ocorrer outros erros realizados por arquitetas incompetentes, desenhistas sem qualificação e mestres de obras também desqualificados”. 

Procurado pela redação (Diário do Sudoeste), Silvano Colla, proprietário da SL Materiais de Construção, não foi encontrado. A atendente da loja disse ainda que Ana Karina não é funcionária do local, apenas presta serviços de forma terceirizada.



Diário do Sudoeste

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