O diálogo em questão envolve Julio Grondona, então presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), que morreu em 2014, e Abel Gnecco, representante argentino no comitê de árbitros da Conmebol e se dá em 17 de maio de 2013, dois dias depois do Boca eliminar o Corinthians em pleno Pacaembu. Na ocasião, o paraguaio Carlos Amarilla validou um gol ilegal dos argentinos e anulou um lance correto dos brasileiros, sendo decisivo no confronto.
Na conversa gravada, Gnecco relata como foi a decisão pela escolha do juiz paraguaio.
"Estive falando com Alarcón [Carlos Alarcón, representante paraguaio na Comissão de Árbitros da Conmebol] e ele me disse: [...] 'Estão querendo o Amarilla aí na Argentina?' Veja, se querem eu não sei, eu quero. Coloque ele e deixe de me encher o saco. Alarcón, ponha ponha o Amarilla e deixe de me ferrar. Bom, foi assim, ele colocou e bom... E saiu bem porque, bem, tem de ser assim", disse Gnecco a Grondona.
A conversa é uma das 11 reveladas pelo programa de TV, que teve acesso às escutas usadas em uma investigação que começou em 2012 e teria investigado de sonegação de impostos em negociações de jogadores a manipulações no futebol. Embora a apuração seja anterior à divulgação do escândalo da Fifa, a presença de Grondona une os dois casos, já que o argentino era vice-presidente da entidade internacional e foi citado no inquérito que prendeu sete cartolas em Zurique, José Maria Marin entre eles.
O caso argentino, segundo o site Infobae, está nas mãos do juiz federal Julián Ercolini. A conversa interceptada não detalha por que Gnecco tentou emplacar Amarilla como juiz daquele Corinthians x Boca, mas os dois celebram a arbitragem ruim do paraguaio. "Saiu bem ao fim, ninguém queria esse louco de m... e o maior reforço que o Boca teve no último ano foi o Amarilla", disse Grondona em dado momento da conversa.
A escuta deixa clara a influência da dupla na definição dos árbitros da Libertadores. Na mesma conversa em que Amarilla é citado, Grondona e Gnecco falam sobre quem seria o árbitro ideal para o duelo entre Newell's e Boca nas quartas da Libertadores daquele ano.
"E agora quem tem de colocar no Boca x Newell's?", pergunta Grondona. "Agora vamos ver, porque Alarcón põe Loustau [Patricio Loustau, árbitro argentino]. Loustau teve problemas com o Boca x River...", responde Gnecco. "Não, não pode apitar o Loustau, não pode", replica Grondona.
A dupla chega a três nomes: Germán Delfino, Diego Ceballos e Mauro Vigliano, todos argentinos, deveriam ser as opções para o duelo. No fim, Vigliano e Delfino apitaram, respectivamente, os dois jogos do duelo, que terminou com a classificação do Newell's nos pênaltis após dois 0 a 0.
Carlos Amarilla virou persona non grata entre corintianos após arbitragem em 2013
Do UOL, em São Paulo


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