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Recuperação da atividade econômica dos Estados Unidos eleva as exportações de empresas paranaenses, que vinham sofrendo desde 2008
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Depois de ir ao fundo do poço com o estouro da bolha imobiliária americana, que provocou demissões e fechamento de fábricas no estado, a indústria madeireira do Paraná dá sinais de retomada. O aumento do ritmo de construção de casas nos EUA e a redução dos estoques de imóveis usados aumentaram as exportações.

No primeiro semestre, as exportações da indústria da madeira no Paraná cresceram 11%, para US$ 391,8 milhões. A venda de compensado de pinus – principal produto exportado para o mercado de construção nos EUA – aumentaou 19% no semestre, para 581,2 mil metros cúbicos. Desse total, a América do Norte respondeu por 13,11%.

“Os Estados Unidos apresentam um cenário positivo, com uma recuperação lenta, mas consistente”, diz Paulo Roberto Pupo, superin¬tendente da Associação Bra¬sileira de Madeira Pro¬cessada Mecanicamente (Abimci). Se¬gundo ele, os sinais mais claros de que a demanda começou a melhorar vieram no segundo semestre do ano passado. “O importante é que o mercado voltou a crescer e não há sinais de nova queda” diz.

Os EUA chegaram a responder por metade dos embarques de compensado de pinus brasileiro. Hoje a Europa representa mais de 70% da demanda. Cerca de 60% das exportações brasileiras são feitas pelo Paraná.

Maior exportadora de com¬pensado de pinus do país, o grupo Guararapes, com sede em Palmas e que emprega 2,5 mil pessoas, deve enviar nesse ano 250 mil metros cúbicos de compensados para o EUA – 13% mais do que no ano passado, segundo José Carlos Januário, diretor de exportações. No período de baixa do mercado americano, a empresa teve que apostar em outros destinos, como Europa e Caribe, América do Sul e Ásia.
A empresa também diversificou a linha de produtos e inaugurou uma fábrica de MDF em Caçador (SC). 
“Como é voltada para o mercado interno, a fábrica de MDF nos ajuda a reduzir a exposição ao mercado externo”, diz.

No auge do mercado imobiliário nos EUA, a empresa chegou a vender 330 mil metros cúbicos de compensado de pinus. A produção de casas no mercado americano, que chegou a 2,3 milhões em 2005, caiu para 500 mil a partir de 2006, com o início da crise das hipotecas. Mas está em franca recuperação. No ano passado foram 900 mil casas e nesse ano a previsão é que sejam construídas 1 milhão de residências. “Dificilmente o mercado americano voltará aos números de 2005, mas já há uma melhora do quadro geral”, diz Januário. O dólar mais alto também ajuda a melhorar a competitividade da madeira brasileira no exterior. Na área de compensados, o principal rival do Brasil é o Chile.
Fabricante de molduras, a Lavrama, que também tem fábrica em Palmas, viu crescer 15% os embarques no ano passado, para 30 mil metros cúbicos, e nesse ano os volumes já estão 5% maiores. Entre 2009 e 2010, as exportações haviam caído 50%. “O mercado americano cresceu e está com demanda consistente”, diz Marcelo Gelband, gerente de exportação.

Restrições
Aplicada desde 2005, sobretaxa de 8% prejudica o setor
O compensado brasileiro paga, desde 2005, uma sobretaxa de 8% para entrar no mercado norte-americano, o que dificulta a competitividade do produto frente a outros países.
Em 2004, o Brasil estourou a cota permitida do Sistema Geral de Preferência (SGP) dos EUA para compensados de madeira. Criado em meados da década de 1970, o SGP permite que alguns setores de países em desenvolvimento exportem com redução ou até isenção da tarifa de importação. A indústria brasileira rompeu a cota de US$ 115 milhões e ultrapassou o limite de 50% do total de importações previstos no sistema nos EUA. Vendeu US$ 249,9 milhões em compensados em 2004, representando 55,3% do total comprado pelos americanos. Com isso, a alíquota, que era zerada, subiu para 8%.

“Até agora não conseguimos reverter essa restrição. Com o fim do boom imobiliário, é claro que o governo, por uma necessidade de arrecadação, não abriu mão dessa receita”, diz Paulo Roberto Pupo, superintendente da Abimci. Como não consegue reverter as restrições impostas pelo governo americano, o setor pretende que o governo brasileiro o inclua na lista de desonerações do Plano Brasil Maior. “É uma forma de apoio que deixará o setor mais competitivo”, afirma.


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