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Depois de ir ao fundo do poço com o estouro da bolha imobiliária americana, que provocou demissões e fechamento de fábricas no estado, a indústria madeireira do Paraná dá sinais de retomada. O aumento do ritmo de construção de casas nos EUA e a redução dos estoques de imóveis usados aumentaram as exportações.
No primeiro semestre, as exportações da indústria
da madeira no Paraná cresceram 11%, para US$ 391,8 milhões. A venda de
compensado de pinus – principal produto exportado para o mercado de construção
nos EUA – aumentaou 19% no semestre, para 581,2 mil metros cúbicos. Desse
total, a América do Norte respondeu por 13,11%.
“Os Estados
Unidos apresentam um cenário positivo, com uma recuperação lenta, mas
consistente”, diz Paulo Roberto Pupo, superin¬tendente da Associação
Bra¬sileira de Madeira Pro¬cessada Mecanicamente (Abimci). Se¬gundo ele, os
sinais mais claros de que a demanda começou a melhorar vieram no segundo
semestre do ano passado. “O importante é que o mercado voltou a crescer e não
há sinais de nova queda” diz.
Os EUA chegaram a responder por metade dos embarques
de compensado de pinus brasileiro. Hoje a Europa representa mais de 70% da
demanda. Cerca de 60% das exportações brasileiras são feitas pelo Paraná.
Maior exportadora de com¬pensado de pinus do país,
o grupo Guararapes, com sede em Palmas e que emprega 2,5 mil pessoas, deve
enviar nesse ano 250 mil metros cúbicos de compensados para o EUA – 13% mais do
que no ano passado, segundo José Carlos Januário, diretor de exportações. No
período de baixa do mercado americano, a empresa teve que apostar em outros destinos,
como Europa e Caribe, América do Sul e Ásia.
A empresa também diversificou a linha de produtos e
inaugurou uma fábrica de MDF em Caçador (SC).
“Como é voltada para o mercado
interno, a fábrica de MDF nos ajuda a reduzir a exposição ao mercado externo”,
diz.
No auge do mercado imobiliário nos EUA, a empresa
chegou a vender 330 mil metros cúbicos de compensado de pinus. A produção de
casas no mercado americano, que chegou a 2,3 milhões em 2005, caiu para 500 mil
a partir de 2006, com o início da crise das hipotecas. Mas está em franca
recuperação. No ano passado foram 900 mil casas e nesse ano a previsão é que
sejam construídas 1 milhão de residências. “Dificilmente o mercado americano
voltará aos números de 2005, mas já há uma melhora do quadro geral”, diz
Januário. O dólar mais alto também ajuda a melhorar a competitividade da
madeira brasileira no exterior. Na área de compensados, o principal rival do
Brasil é o Chile.
Fabricante de molduras, a Lavrama, que também tem
fábrica em Palmas, viu crescer 15% os embarques no ano passado, para 30 mil
metros cúbicos, e nesse ano os volumes já estão 5% maiores. Entre 2009 e 2010,
as exportações haviam caído 50%. “O mercado americano cresceu e está com
demanda consistente”, diz Marcelo Gelband, gerente de exportação.
Restrições
Aplicada desde 2005, sobretaxa de 8% prejudica o
setor
O compensado brasileiro paga, desde 2005, uma
sobretaxa de 8% para entrar no mercado norte-americano, o que dificulta a
competitividade do produto frente a outros países.
Em 2004, o Brasil estourou a cota permitida do
Sistema Geral de Preferência (SGP) dos EUA para compensados de madeira. Criado
em meados da década de 1970, o SGP permite que alguns setores de países em
desenvolvimento exportem com redução ou até isenção da tarifa de importação. A
indústria brasileira rompeu a cota de US$ 115 milhões e ultrapassou o limite de
50% do total de importações previstos no sistema nos EUA. Vendeu US$ 249,9
milhões em compensados em 2004, representando 55,3% do total comprado pelos
americanos. Com isso, a alíquota, que era zerada, subiu para 8%.
“Até agora não conseguimos reverter essa restrição.
Com o fim do boom imobiliário, é claro que o governo, por uma necessidade de
arrecadação, não abriu mão dessa receita”, diz Paulo Roberto Pupo,
superintendente da Abimci. Como não consegue reverter as restrições impostas
pelo governo americano, o setor pretende que o governo brasileiro o inclua na
lista de desonerações do Plano Brasil Maior. “É uma forma de apoio que deixará
o setor mais competitivo”, afirma.
fonte: Gazeta do Povo
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