Rei do Futebol evitou comparações da atual seleção com a de 1970. (Ernani Ogata/Estadão Conteúdo)
O Rei do futebol está em Curitiba para participar de eventos e teve um dia bastante agitado na capital paranaense. Pelé participou de uma entrevista coletiva no começo da tarde desta quinta-feira e horas depois, estava em um evento para falar sobre o seu programa educacional – Programa Esportivo Lúdico Escolar.
Um dos assuntos mais comentados por Pelé foi o bom desempenho da seleção brasileira após a chegada do técnico Tite. De acordo com o ex-jogador, o trabalho coletivo é o principal ponto a ser destacado. “Hoje pegamos qualquer seleção do mundo e vemos eles jogarem bem e isso acontece por causa da coletividade e isso segue o estilo do Tite. Hoje em nossa seleção percebemos que ninguém é melhor que ninguém, o que é muito importante”, comentou
Apesar dos elogios, o Rei do futebol preferiu evitar qualquer comparação com outras seleções históricas, principalmente a campeã mundial de 1970. “Ainda e muito cedo para qualquer comparação”, destacou.
Programa esportivo de Pelé
Pelé esteve em Curitiba justamente para apresentar o seu novo programa educacional – Programa Esportivo Lúdico Escolar, cujos objetivos são a inclusão social, aumento do rendimento escolar e o desenvolvimento do esporte no Brasil. O craque ressaltou todo o seu trabalho feito com as crianças desde a época em que atuava e contou que homenageou as crianças logo após o milésimo gol por ter visto um assalto dias antes na cidade de Santos.
“Quando eu fiz o milésimo gol, estávamos treinando em Santos porque o milésimo gol no Maracanã. Eu saí um pouco mais cedo e vi uns trombadinhas roubando carro. Perguntei para eles o que estavam fazendo e disseram que roubariam apenas os carros dos paulistanos. Logo após o milésimo gol, ofereci para as crianças justamente porque esses meninos roubando o carro. Essa ligação com criança tem a ver com as crianças”, revelou Pelé.
Momento político do Brasil
O Rei do futebol foi ministro do esporte entre os anos de 1995 e 1998, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, e um de seus projetos idealizados foi o das Vilas Olímpicas em comunidades pobres do Brasil, porém, o mesmo foi encerrado quando Lula assumiu a presidência em 2003. De acordo com Pelé, o fim do projeto foi um erro e dava para ser continuado.
“A parte mais importante é a mensagem dos jovens na escola. Uma das coisas importantes do que chamavam de Vilas Olímpicas nas favelas e quando fizemos a criminalidade infantil diminuiu para zero. Eu tenho uma queixa para fazer. Quando eu estava no ministério do esporte, o Fernando Henrique deixou a gente fazer as Vilas Olímpicas e onde tinha, os meninos tinham escola e esporte, então, era um sucesso. Quando o presidente Lula entrou, ele me chamou e falou: “Pelé, vamos diminuir as vilas porque precisamos da verba e vamos criar o bolsa família”. Foi uma das coisas mais tristes porque pararam com as vilas olímpicas para ficar com bolsa família e acho que foi um erro porque poderia ter ficado com os dois. Não dava para terminar um projeto importante”, declarou o ex-atleta.
Já sobre o atual momento político do Brasil, o craque mostrou preocupação, mas elogiou o juiz federal Sérgio Moro, com que se encontrou logo após a palestra. “Como brasileiro, a gente fica preocupado e triste com o que está acontecendo com a política. Quando a gente foi jogar a Copa do Mundo da Suécia, eu estava com 17 para 18 anos. Foi muita festa quando sabíamos daqui e quando chegamos na Suécia, ninguém sabia onde ficava o Brasil. Os jornalistas falaram de Argentina, Uruguai e nem sabia onde era o Brasil. Através do futebol, o Brasil se tornou muito conhecido. Infelizmente, não é uma situação que gostaria e chegou a um ponto . Moro está fazendo um ótimo trabalho, que Deus abençoe ele porque está fazendo um trabalho importante. A gente sabe como respeitam o Brasil e é um momento que está mudando muito porque é difícil ver que o país só tem corrupto e ladrão”, opinou.
Por que o apelido Pelé?
Durante a palestra realizada Esmafe/PR, Pelé fez uma revelação curiosa sobre o motivo de seu apelido e ainda falou que inicialmente queria ser chamado de Edson pela homenagem dada por seu pai. “Sou Edson, amigo do Pelé desde criança. O Pelé fez 1283 gols em jogos oficiais. Tem uma brincadeira que até faço que Edson era antes do nascimento e agora é Pelé. O apelido pegou porque eu era garoto e meu pai era mais conhecido em Bauru. O meu nome era em homenagem a Thomas Edison e ficou Edson. Eu era todo orgulhoso do meu nome e em alguma brincadeira, não sei se fiz alguma coisa errada, falaram alguma coisa do meu pé e me passaram a me chamar de pé. Foi aí que surgiu que surgiu o apelido de Pelé, mas ficava bravo porque meu nome era por causa do Thomas Edison”, concluiu.