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Decisão foi proferida no final da tarde de ontem; a prisão provisória, de 30 dias, venceria hoje e ele teria que ser liberado.


José Frizanco na sede da 19ª SDP, no dia em que foi preso.
Monique Sfoggia/ TV Massa

O juiz da Vara Criminal da Comarca de Francisco Beltrão, Paulo Roberto Gonçalves de Camargo Filho, aceitou ontem o pedido da Polícia Civil e decretou a prisão preventiva de José Frizanco. A prisão provisória, de 30 dias, venceria hoje, 16, e ele teria que ser liberado. Sua esposa, Marli Frizanco, está desaparecida desde 29 de junho deste ano.

O juiz concluiu pela existência, nos autos, de indícios suficientes de autoria e materialidade do delito. "Assim, há que se falar que os indícios de autoria e prova da materialidade encontram-se estampados nestes autos pelos documentos juntados pela autoridade policial. Neste contexto, as garantias individuais do autuado devem ceder para as de interesse público, alçando a decretação da prisão preventiva como instrumento de preservação da ordem pública e da conveniência da instrução criminal."

De acordo com o magistrado, José insiste em denegrir a imagem de Marli e apresentar informações isoladas, que inclusive se contradizem entre si. "Pontue-se que não se trata de adiantar um juízo de mérito, mas sim, ante a análise dos elementos de informação colhidos pela autoridade policial, há fundadas suspeitas de que o representado [José] esteja envolvido no desaparecimento da vítima. Diz-se isso em razão tanto da arma de fogo apreendida na residência, que inclusive contava com munições, como pelos depoimentos das testemunhas, as quais dão conta de que o relacionamento que o representado aduz não ter sofrido com nenhuma crise, há muito era conturbado, inclusive tendo a vítima sofrido com agressões morais e físicas, conforme narrado pela testemunha", diz trecho da decisão judicial. 

Outro fator que pesou para a manutenção da prisão é que José Frizanco, em liberdade, apresentava informações isoladas e que o retiravam do foco das investigações, por vezes atrapalhando o andamento dos atos investigatórios, "o que por certo poderá ocorrer novamente caso não permaneça segregado, inclusive em relação aos atos processuais".

O juiz relatou que a alegação de José, de que passou o dia em que ocorreram os fatos parado com o seu carro próximo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em razão deste ter enguiçado, porém sem sequer chamar guincho ou mecânico, mostra-se questionável, já que alega ter passado o dia todo no local, dando volta pelo Bairro Vila Nova e acabando por comprar pão em um mercado e então se dirigindo para casa, perto das 18h. "Ocorre que o próprio representado diz ter saído de casa às 9h, sem precisar o que efetivamente fez no dia e o local onde seu veículo teria dado problema."

Travesseiros

O juiz também chamou atenção para outro fato relevante que diz respeito à suspeita compra de travesseiros. Uma das filhas do casal relatou que o pai comprou inúmeros travesseiros em uma loja, mas ela encontrou somente dois na residência - os que eram de sua mãe antes mesmo de desaparecer. Tal situação é reforçada pelo depoimento das funcionárias da loja, as quais relataram que José adquiriu travesseiros, sob a alegação de que trabalhava com transporte de pessoas e que usava muitos desses objetos. Ele comprou quatro travesseiros e quatro capas de travesseiro, dos exemplares mais baratos da loja. 

Tal fato ocorreu novamente mais duas vezes, alguns dias depois, tendo ele levado, em cada oportunidade, mais quatro unidades de cada item. Na última vez em que foi até a loja, José pediu para ir ao banheiro e levou junto algumas sacolas, sob a alegação de que havia feito compras e precisava separar os itens. A compra dos travesseiros ocorreu antes do desaparecimento de Marli, sendo que uma das funcionárias o reconheceu em razão das reportagens vistas na TV, bem como relatou que ele estava maltrapilho e sujo na oportunidade.

Quando interrogado de forma complementar a respeito da arma de fogo encontrada em sua residência, dos bilhetes apreendidos e da informação atinente aos travesseiros, o marido de Marli declarou que comprou os travesseiros em uma promoção muito especial de três por R$ 10 e que podem ter roubado os travesseiros, porque eles estavam em sua casa. Ainda, para os policiais, disse que os bilhetes (rascunhos encontrados em sua residência) são um resumo do que apresentou para as autoridades e que já os devia ter jogado fora, que não guarda mágoa de Marli e os bilhetes não têm nada a ver com ela, mas sim com a pessoa que colocou os cartazes em seu portão. E, ultimamente, Marli mais passeava do que trabalhava, junto com suposto amante. 

José também afirmou que nunca teve arma de fogo. Que a arma apreendida embaixo da mesa sempre esteve lá e era sigilo, em razão de tê-la recebido de seu comandante, em 1977, quando trabalhava no Corpo de Bombeiros. 

Foto com outro homem

Edilaine Frizanco, filha do casal, relatou que teve conhecimento de que seu cunhado foi quem mostrou uma foto de Marli com outro homem em um baile, e ela acredita que tal fato culminou na "loucura" que  seu pai fez com sua mãe.

Depois do desaparecimento da mãe, Edilaine encontrou coisas penduradas pelas paredes e papéis escritos à mão por José, nos quais constam frases desconexas relativas ao tempo que permaneceu casado com Marli e outras em que a ofende com palavras de baixo calão. 

Marli Frizanco.






Informações Jornal de Beltrão
 
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