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Inflação de produtos típicos do verão fica acima do índice oficial; a erva foi o produto com o maior aumento no acumulado de 12 meses.

Clima, custo de transporte e falta de mão de obra afetaram a produtividade no Rio Grande do Sul (Foto: Nelson Junior/Diário do Sudoeste )

Manter o hábito de tomar chimarrão pesou no bolso dos consumidores. Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), no acumulado dos últimos 12 meses, até janeiro de 2014, a matéria prima do chimarrão ficou 67,75% mais cara.

O estudo divulgado recentemente avaliou a inflação dos produtos de alto consumo de verão, uma lista que vai da água ao protetor solar. De todos os produtos avaliados, as bebidas foram o item com o maior aumento. Os sucos de fruta subiram 13,83%, cervejas e chopes tiveram 10,92% de aumento, enquanto refrigerantes e água mineral ficaram 9% mais caros.

Para alguns consumidores, o aumento não é uma novidade e está até influenciando o consumo da bebida mais tradicional da cultura gaúcha e também muito popular no sudoeste do Paraná. A agricultora Elisângela Loregian diz ter percebido um aumento no preço da erva mate e também dos refrigerantes, o que a fez diminuir a compra desses produtos.
Apesar de não ser um fã do chimarrão, o aposentado Evaldo Silva diz que sua esposa, ávida consumidora, já se queixou do preço da erva. “Ela diz que já encontrou marcas custando o dobro do que há alguns meses”, relata.

Causas

As principais causas do aumento no preço da erva mate são o clima, o aumento no custo de transporte e dificuldade de encontrar mão de obra para a colheita. Pelo menos é isso o que estaria acontecendo no Rio Grande do Sul, segundo a avaliação do engenheiro agrônomo Ilvandro Barreto de Melo, da Emater-RS. O estado é o maior produtor da variedade no Brasil e também o maior consumidor.
Segundo Melo, grandes períodos de estiagem diminuíram em 30% a produtividade nos principais polos de cultivo da planta. “Por ser uma planta de cultura permanente, os efeitos de revezes climáticos são sentidos por um grande período. Nas últimas safras é que o estado está começando a recuperar esses 30%”, explicou.

A logística diferenciada e o preço do óleo diesel afetaram o custo do transporte, mas é a falta de mão de obra que está fazendo os produtores gaúchos tomarem as medidas mais radicais. “A mão de obra está envelhecendo, e a dificuldade e o custo de contratação são grandes”, completa Melo.

Na região do município de Machadinho, os produtores já se organizam em mutirões, onde os próprios agricultores ajudam na colheita da propriedade do vizinho.
Inflação

Segundo o estudo, a chamada “inflação de verão” ficou em 8,61% no acumulado dos últimos 12 meses, percentual acima do que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que está em 5,59%.

O economista responsável pelo levantamento, André Braz, destaca que o maior aumento no preço das bebidas não é efeito apenas do forte calor que tem feito desde o início do ano. Ou seja, não é um aumento sazonal.

“Esses aumentos não aconteceram exclusivamente no verão de 2014, são aumentos que aconteceram do verão passado ao atual. Então, em relação a 2013, bebidas de vários tipos, como chope, cerveja, refrigerante, água, subiram mais do que a inflação média, até mais de 10% em alguns casos”, explicou.

Entre os outros produtores que sofreram aumento estão o protetor solar (8,48%), o ar condicionado (3,77%) e os ventiladores e circuladores de ar (2,27%). Alguns serviços também tiveram alta, como o das academias de ginástica (6,38%), dos hotéis (8%) e as passagens aéreas (6,75%).

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