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REGIÃO



Marcos Ferreira/ Rádio Chopinzinho
Registro do duplo homicídio ocorrido no dia 11 de julho; execução em via pública.












Em cinco anos, o município de Chopinzinho - 20 mil habitantes - registrou 32 assassinatos. As estatísticas apontam o município como um dos mais violentos da região Sudoeste. A taxa de homicídios é de 32 para cada grupo de 100 mil habitantes. O índice está muito acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera como aceitável dez mortes a cada 100 mil habitantes. No Paraná o índice é de 30/100 mil e no Brasil 25/100 mil.
Os dois últimos assassinatos, ocorridos no dia 11 de julho, por volta das 9 horas, serviram para criar uma sensação de insegurança nas ruas da cidade. Na ocasião, Lauro Johan e João Emerson Bueno foram executados em via pública com vários disparos de pistola calibre nove milímetro. Das 32 mortes ocorridas nos últimos cinco anos, 19 foram execuções sumárias, nos quais existem evidências de que os agressores perpetraram a ação com a intenção prévia de eliminar a vítima, tendo motivações específicas, sobretudo vingança, acerto de contas ou dívidas, sem que a vítima tenha tido oportunidade de esboçar reação.
Outro dado que chama a atenção é a falta de efetividade das autoridades para desvendar a autoria dos crimes. Existem 14 investigações em andamento, sendo que três inquéritos foram arquivados sem identificar os autores. A cidade conta apenas com um delegado, um escrivão e um investigador.
O prefeito Leomar Bozani (PSDB) esteve em audiência na Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), no último dia 12 de julho, para pedir reforço para a Polícia Civil, especialmente mais investigadores. "A preocupação da população, o sentimento de ansiedade é o mesmo que nós gestores estamos sentindo. Solicitamos providências, na verdade estamos pedindo uma solução para o problema desde janeiro, agora estamos no aguardo de uma ajuda para enfrentar essa situação."
Grupos rivais
O repórter Marcos Ferreira, da Rádio Chopinzinho, que cobre o setor policial, afirma que há um rumor na cidade de que grupos criminosos rivais estariam eliminando uns aos outros. "Por enquanto não há nada que comprove, mas a maioria das pessoas que estão sendo assassinadas têm passagem pela polícia por ter cometido algum tipo de ilegalidade." Segundo ele, somente neste ano já foram registrados seis homicídios em Chopinzinho, dos quais, cinco foram execuções.
Vítima do medo. O que dizer às crianças que pedem pelo pai?
A esposa de uma vítima recente de execução no município - que não vai ser identificada por motivo de segurança - está revoltada com a situação. Ela cobra uma ação enérgica das forças policiais. O marido também foi morto na rua com diversos tiros por um suspeito que estava de motocicleta. "É engraçado que várias pessoas morreram assim e ninguém faz nada. Ele tinha seus erros, mas nada justifica matar um ser humano. Era pai de três filhos, dois meninos de 5 anos e uma garotinha de três anos. Agora eles pedem do pai e eu falo o que pra eles?"
Divulgação
Município de 20 mil habitantes tem um delegado, um escrivão e um investigador. Prefeito quer apoio do Estado.

Ministério Público está preocupado com sensação de insegurança
A promotora de justiça Maria Fernanda Salvadori Belentani afirma que o Ministério Público está preocupado com a onda de assassinatos, principalmente porque causa uma sensação de insegurança na população. A promotora não acredita na tese de um grupo de extermínio, porém ela ressalta que a série de homicídios, ocorridos a partir de 2011 tem circunstâncias semelhantes. "Foi uma sequência de crimes em que as investigações levam a suspeita de que tenham sido praticados pelas mesmas pessoas." Há uma série de casos que ainda não foram elucidados pela polícia. Dos 32 assassinatos, 17 ainda não foram solucionados até o momento. "Estamos acompanhando a atuação da polícia e entendemos que não há necessidade do MP assumir as investigações, como recentemente aconteceu no caso Tayná, na capital do Estado. O delegado daqui vem desempenhando um bom trabalho. O que acontece é que os moradores têm muito receio em colaborar com a investigação da polícia, repassando informações. Nossa esperança é desvendar um crime para chegar à autoria dos demais", relata a representante do Ministério Público. Maria Fernanda assinala que os homicídios ocorrem em todos os municípios do Sudoeste do Paraná, porém o que surpreende em Chopinzinho é o número de execuções (19 no total).

População pede: chega de mortes! 
Alguns moradores dizem que os mesmos matadores estão agindo nos municípios de São João, Mangueirinha e Coronel Domingos Soares, hipótese que pode elevar o número de vítimas. Diversos cidadãos nos últimos dias estão se manifestando pelas redes sociais indignados com a inércia das autoridades. Neusa Franklin, por exemplo, acredita que os crimes não são elucidados por "moleza" das autoridades de Chopinzinho e região. "Vamos trabalhar sério para ver se prendem estes bandidos que são donos da situação. Já chega de mortes", cobra. A adolescente K. L diz que dá medo até de sair na rua. "Não podemos nem sair de casa que estamos em perigo!"
Muitas pessoas que já deixaram Chopinzinho acompanham pelo noticiário o drama que o município está vivendo. "Achei que a violência era só coisa de cidade grande. Eu moro em Florianópolis, mas nasci e me criei aí (Chopinzinho). Fico muito triste, pois eu não conheci o Emerson, mas era amiga da mãe e do pai dele, que justiça seja feita", comentou Zilda Bueno sobre a morte de João Emerson.
Neivaldo Gaspar, morador de Brasília, conta que saiu de Chopinzinho em 2004 e recorda que era uma cidade muito agradável para morar. "Hoje pelo que vejo nos noticiários, a violência está dominando por aí! Hora das autoridades agirem enquanto é tempo!"
Fábio Rosa, que atualmente reside em Pernambuco, ressalta que estava pensando em voltar para Chopinzinho, mas mudou de ideia com o crescimento da violência. "Não pretendo mais, muitas mortes, cidade à noite está muito perigosa."
Outra ex-moradora de Chopinzinho, Maristela Sell, também se manifestou pelas redes sociais: "Minha terra natal, fico triste com uma tragédia como essa peço a Deus que conforte os corações dos familiares e que seja feita justiça, pois a brutalidade está em toda a parte. Muitos acham que só acontece em cidades grandes, mas cada vez mais comprovamos que na verdade nós pessoas de família estamos sujeitos a correr riscos não sei qual o motivo mas tenho certeza que Deus sabe de todas as coisas e não há justiça melhor do que a dele!"

Presidente do Conselho de Segurança dizque tem que chegar nos "mandantes"
O advogado Vilmar Bonfim, presidente do Conselho Municipal de Segurança, confirma que o município precisa aumentar o efetivo policial, contudo, ele não acredita que seja essa a solução para o problema. "Sempre precisamos de mais policiais, mas pode colocar o Exército na rua que eu acho que não resolve. São execuções, mortes encomendadas." Na opinião de Vilmar, tem que ser realizado um trabalho de investigação para chegar até os mandantes. "As pessoas ficam assustadas, com medo de passar perto numa hora dessas e acabar levando um tiro. Mas essa é minha opinião pessoal, não posso falar em nome da população", resume.
O subtenente Valdemir Terlamp, comandante interino da Polícia Militar, salienta que o efeito da corporação em Chopinzinho foi reforçado com a última escola de soldados, com o repasse de novas viaturas e equipamentos de comunicação. "Não podemos divulgar o número de PMs, mas é um número bom para o município. Temos patrulhas durante o dia circulando pela cidade e reforço nos dias de maior movimento. Até pouco tempo a realidade era bem diferente", pontua. Na avaliação do militar, só com o trabalho de investigação será possível afirmar com segurança a razão de tantas execuções.
do Jornal de Beltrão

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